Hoje completa um ano da maior tragédia do futebol brasileiro. Semifinal de Copa de Mundo, em casa, levando sete gols, apenas o Brasil conseguiu essa façanha. Existem derrotas que machucam o torcedor, como em 1950 na final contra o Uruguai no Maracanã; ou em 1982 naquela partida épica contra e Itália e tínhamos um time sensacional; e a derrota em 1998 contra a França na final e com o nosso astro passando por problemas clínicos. Mas nada chega perto da semifinal contra a Alemanha que é uma enorme cicatriz no nosso rosto.
A explicação para a cicatriz no rosto é simples. Machucou, e muito, nunca vamos nos esquecer e é algo que marca para sempre. Toda manhã você vai olhar para o espelho e vai ver aquela grande marca. Porém, você só enxerga ao olhar para o espelho e o ao longo do dia apenas os outros irão observar. É exatamente o que as pessoas que gerenciam o futebol no Brasil estão fazendo. Sabem do fracasso, mas não olham a grande cicatriz grande parte do dia e as vezes se esquecem da ferida.
Logo após o jogo, a maioria dos comentaristas e especialistas do futebol apontaram os erros do nosso futebol. Mas como diz os mais experientes: é fácil apontar a falha. Realmente é fácil, por isso muitas soluções foram sugeridas para o alto comando do futebol. Chamar um técnico que reformule a seleção, mudar nosso calendário, valorizar mais as categorias de base, investir em formação de treinadores, evitar a venda precoce de jovens talentos e acabar com forma absolutista de comando da confederação e federações. Nada disso foi feito ainda.
Claro que um ano de trabalho é difícil de querer um resultado de tantas mudanças que devem ser feitas. Entretanto, nenhuma coisa foi feita, pelo contrário, mas falhas foram expostas para o público. O ex-presidente da CBF, José Maria Marín foi preso na Suíça junto com outros dirigentes da FIFA. O atual presidente, Marco Polo Del Nero, não acompanhou a seleção na Copa América e teme ir para outros países com medo de ser preso também, além de comprovar, mais uma vez, o balcão de negócios que é a seleção. Firmino e Douglas Costa começaram a jogar pela seleção e foram vendidos a peso de ouro. São bons jogadores, mas longe de valerem mais de 100 milhões de reais.
O fracasso no futebol masculino ainda deu uma brecha para pensar nas outras categorias de futebol. Mas o que vimos foi o sistema arruinar o esporte. O Brasil teve um resultado péssimo no sul-americano sub 20 e no mundial feminino de futebol. Quem comanda o esporte deve pensar em maneiras de solucionar os problemas dessa categoria também.
Para não colocarem a desculpa na CBF e dos dirigentes, algumas pessoas dão a simples desculpa que essa é a pior geração da história. Como pode ser a pior se temos um excepcional jogador, Neymar, e os coadjuvantes jogam nos melhores clubes do mundo como o Chelsea, Real Madrid, Barcelona, Liverpool? Não é a melhor, mas com um bom comando é possível montar um time competitivo. Melhor exemplo disso é a Juventus. Em termos de elenco, não é melhor que Barcelona, Real Madrid e Bayern, mas é muito competitiva e conseguiu passar por quase todos eles. Ou o Atlético de Madrid, que não possui astros e artilheiros como os rivais, mas foi campeão espanhol.
O país do futebol teve a brecha perfeita para mudar todo o sistema do futebol, mas são realmente poucos que possuem poder e vontade para fazer isso. Há algumas semanas atrás a seleção passou outra vergonha, e foi eliminada pelo Paraguai, time que ficou em último nas últimas eliminatórias. Os clubes se afogando em dívidas e a seleção cada vez mais desrespeitada, o que mais deve acontecer para a mudança de postura acontecer ? Devem estar esperando não nos classificarmos para a próxima Copa.